domingo, 26 de julho de 2015

Parece mentira: Globo e Zorra ridicularizam coxinhas e amantes da ditadura.


A Rede Globo de Televisão é um dos maiores instrumentos de alienação e propagação de ideais reacionários do país tendo nascido e ganhado poder durante os governos militares. Sua programação ao longo dos anos, com raros destaques, irradia ódio e preconceito em especial em seus programas humorísticos. Entre esses programas, um ganhou destaque nos últimos anos, por ser a fina flor do há de mais degradante: o Zorra Total.

Talvez pra se descolar um pouco da imagem de apoiadores da ditadura e de golpistas que bem ou mal acaba afetando o apelo comercial de seus produtos, a Globo e o Zorra levaram ao ar um inusitado quadro que relembra os festivais da canção ridicularizando o sentimento coxinha de amor à ditadura militar: o FICO (Festival Internacional do Coxinha).

Nele a "Jovem Guarda" e "Pare o Casamento" viram "as Jovens Guardas" e "Volte Agora" onde se pede a volta dos milicos, afinal os rolezinhos não deixam ninguém ir ao Shopping; "Jair Rodrigues" e "Disparada" viram "Capitão Rodrigues" e "Disparate" cantando que "não mais vai ter eleição, ninguém mais pode voltar, eu venho lá do quartel, já falei com o coronel para o Congresso fechar" e por aí vai.

O quadro termina de forma triunfal com a banda "Paramilitares do Retrocesso" baixando porrada na plateia logo após terem cantado "Para não dizer que não pisei em flores".

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Nem golpe, nem greve geral no horizonte. Sigamos em frente.


Passados 130 dias (mais de 4 meses) do primeiro grande ato de rua pró-impeachment de Dilma Roussef, o governo petista segue seu rumo ainda que aos trancos e barrancos. Impressiona sim, o modo como a presidenta foi capaz de queimar tão ferozmente seu capital político conquistado com grande dificuldades nas últimas eleições presidenciais, ao ponto de ter sua popularidade jogada ao "volume morto".

Apesar disso, enganam-se aqueles que pensam que o governo acabou, está paralisado ou mesmo prestes a cair. Isso não é verdade. Existe uma crise política, é inegável. O modo petista de governar baseado na eterna e inquestionável coalizão de classes, vaza por todos os lados. Isso sim, é verdade. Não é a toa que sua autoridade foi repetidamente colocada no canto da parede pelo até agora presidente da Câmara dos Deputados, o medonho senhor Eduardo Cunha. Mas não é verdade que o governo esteja semi-morto.

O que tem sido, afinal de contas, o maldito ajuste fiscal levado adiante por Joaquim Levy com as bençãos de Dilma? E para coroar, o que é o PPE, o Programa de Proteção às Empresas, digo, ao Emprego? Quer algo melhor que isso? A crise econômica impõe sua agenda e o governo ao invés de tomar medidas para diminuir os lucros dos grandes bancos, latifúndios e empresas coibindo quaisquer demissões seja impondo multas, fim de benefícios e até mesmo estatizando, oferece como saída a redução da folha de pagamento dos trabalhadores. Absurdo dos absurdos.

Mas o que impressiona não é que o governo faça isso. Sequer impressiona que as centrais sindicais governistas e pelegas sejam as grandes defensoras do tal programa. O que impressiona é a passividade e a paciência da imensa maioria da classe. Os famigerados doze anos de governo de Frente Popular impregnaram com muita força a desmobilização, a desmoralização e a confusão no seio dos trabalhadores. Isso não pode, em hipótese alguma, ser menosprezado.

A burguesia sabe que não pode abrir mão da dedicação do lulo-petismo em manter a paz social. Ela não pode abrir mão de Dilma. Ao menos agora não. Não é a toa que em plena crise econômica com o mercado demitindo como há muito não demitia, com a previsão do crescimento do PIB encolhendo, e com seus sucessivos recordes de lucros ameaçados, não temos o presidente da FIESP elevando o tom contra o governo. Não é a toa que ruralistas não declararam guerra contra o governo que segue permitindo que siga matando impunemente lideranças camponesas, populares e indígenas. Os grandes bancos então? Esses seguem sorridentes anunciando seus novos recordes de lucratividade. E o imperialismo? É preciso falar algo a mais depois de Obama dar um grande cala-boca na repórter da Globo News ao sair em defesa de Dilma e do papel de "Global Player" do Brasil na economia mundial?

Então, acalmem-se todos. Não existe nenhum golpe a vista no horizonte. Sendo assim não está colocada como tarefa construir marchas, comitês anti-golpe ou qualquer coisa do tipo. Fazer isso é meramente sair na defesa do governo impulsionando a desmoralização e a desmobilização.

Ainda que os pró-impeachment vociferem e que as organizações Globo dêem amplitude aos seus gritos de ódio e horror, a queda de Dilma pelas mãos da direita organizada está mais para conto da carochinha do qualquer outra coisa.

Por outro lado, é preciso também dizer seriamente que não está colocada a possibilidade de uma greve geral no país para um curto ou médio prazo com os elementos que estão colocadas na realidade. E quanto mais a oposição de esquerda gritar "Greve Geral" mais ela, a greve, se distanciará de nós. Assim como gritar "Olha o golpe" quando não há risco de golpe desmoraliza e desmobiliza, também é um imenso desserviço à classe trabalhadora gritar "Vamos juntos construir a greve geral" quando não há condições objetivas muito menos subjetivas para tanto, Se é que não é ainda pior.

A palavra de ordem "Greve Geral" não é para simples propaganda. Ela traz em si o sentido de ação. Agitá-la tem o sentido de colocar em marcha sua construção. E não se faz isso quando não é possível de fato construí-la. Usá-la sem uma base na realidade é simplesmente banalizá-la. Não se faz isso sem graves consequências. É como a fábula de Esopo do pastorzinho que cansado de cuidar das ovelhas saía gritando "Lobo! Lobo!" para se divertir fazendo com que aldeões saiam em sua defesa sem encontrar lobo algum. Até que um belo dia quando o lobo realmente apareceu e o menino gritou, "Lobo! Lobo!", ninguém o atendeu, pois de tão banalizado o grito ninguém conseguiu acreditar que fosse verdade.

Então, em especial aos ativistas que levantam neste momento a tarefa da greve geral fica o chamado a não desperdiçar munição a toa. Não temos balas para ficar atirando para cima. Não temos direito a isso. Deixem disso e passemos de fato a enfrentar o governo e suas medidas, luta após luta, greve após greve, reconquistando a confiança da classe em suas próprias forças, até que de fato a Greve Geral se torne simplesmente inevitável.

domingo, 5 de julho de 2015

Pagu: poetisa, escritora e militante trotskista

O movimento de massas brasileiro já deu luz à milhares de homens e mulheres fantásticos que se levantaram contra a exploração e a opressão de seu tempo. Poucos são aqueles cujo brilho e força foram capazes de atropelar a máquina estatal que a todo custo os tenta apagá-los da história ou minimizá-los, esvaziá-los de todo conteúdo revolucionário ou mesmo direcionar tal conteúdo para uma ou outra esfera do comportamento humano. Que sejam esquecidos, e se não for possível esquecê-los que as lembranças sejam turvas e nunca completas.

Uma dessas figuras foi a militante revolucionária Patricia Galvão (1910-1962), imortalizada como Pagu. Com 15 anos começou sua carreira de jornalista e aos 18 passou a participar do movimento antropofágico. Em 1930, ingressou no Partido Comunista Brasileiro, com seu então companheiro Oswald de Andrade, e em 1931, aos 21 anos, tornou-se a primeira mulher a ser presa no governo Vargas por questões abertamente políticas ao participar ativamente da greve dos estivadores de Santos sendo uma das principais oradoras do movimento paredista. Foi a primeira das 23 prisões que colecionaria em sua vida.

Entre 1933 e 1935 viajou pela Europa e enviou artigos a jornais brasileiros. Sua viagem ao exterior e em especial à própria URSS foi fundamental para sua adesão à luta anti-stalinista. Voltando ao Brasil em 1937 aderiu ao grupo dissidente do PCB, dirigido por Herminio Sacchetta e Heitor Ferreira Lima. Em 1939, presa mais uma vez, publicou uma carta que tornou público seu rompimento com o stalinismo. E em agosto do mesmo ano integrou a presidência de honra do congresso do Partido Socialista Revolucionário, seção brasileira da IV Internacional

A seguir reproduzimos sua a carta de 1939 que merece ser lida, conhecida e divulgada para que Pagu possa ser conhecida muito mais do que como um nome de música.

Companheiros!

Este documento vai com o meu apoio absoluto aos camaradas revolucionários pela posição que tomaram frente à burocracia internacional que tem travado a marcha do movimento revolucionário e traído o proletariado da URSS e as conquistas da Revolução soviética. A minha posição foi tomada depois de uma análise meticulosa, longa e objetiva, que se iniciou com a primeira dúvida produzida na minha passagem pela URSS. É a minha convicção revolucionária que me coloca ao lado dos companheiros na luta contra a burocracia, por um partido verdadeiramente revolucionário, pela Revolução Proletária Internacional. Autorizo a publicação mesmo com meu nome legal, total ou em parte.

A burocracia soviética na URSS

Os sintomas da formação de uma burocracia soviética, depois da tomada do poder por Hitler, só se tem agravado, e hoje não é mais possível ignorar-se ou ficar-se indiferente ante os crimes e, o que é pior, os erros da casta governamental soviética. A sua existência pode ser constatada não só praticamente mas também teoricamente, procurando-se as causas das sucessivas derrotas que tem sofrido o proletariado nestes últimos 10 anos em que as crises do capitalismo têm se mostrado mais graves. Só esse fenômeno faz pensar que simultaneamente entrou em crise a direção do proletariado. Um rápido exame da política seguida pelas organizações operárias evidencia o caráter oportunista e capitalista desta política. A que se deve isto? A erros teóricos e práticos a que está sujeita qualquer organização revolucionária? Evidentemente não. Os erros dos partidos revolucionários são eminentemente descontínuos. As verdadeiras causas primeiras dessa política, hoje internacional, devem ser buscadas na necessidade sentida pela burocracia soviética de manter-se no usufruto das conquistas da Revolução, na impossibilidade de conciliar os interesses do proletariado internacional com os daqueles que se proclamam seus chefes.

A burocracia soviética saiu do Partido Comunista Russo, isto porque na fase imediatamente pós-revolucionária todo o poder político e administrativo encontra-se nas mãos do Partido. Nesta fase, toda obra revolucionária é criar condições para a descentralização cada vez maior. É enfim cumprir a palavra de Lenin: “Tornar o governo desnecessário é a maior tarefa deste governo”. Na Rússia, contudo, essa tarefa teve que ser relegada a um segundo plano. Isto porque circunstâncias diversas, tais como a existência de estados burgueses nas suas fronteiras, a situação pré-revolucionária em grande número de países da Europa, fizeram com que o Partido não pudesse considerar a revolução de Outubro como uma vitória definitiva, mas apenas como uma etapa vitoriosa na luta revolucionária do proletariado. O partido viu, e viu justo, que as conquistas da revolução só poderiam ser mantidas com o desenvolvimento da revolução internacional. Esta a primeira verdade necessária para a compreensão da gênese da burocracia termidoriana. A revolução russa não podia ser tida como um fim. E não o foi de fato. O seu desenvolvimento natural e dialético seria o prosseguimento da revolução proletária no campo internacional. Em vez disso, sacrificou-se a revolução internacional – como sacrifica-se ainda hoje. Conseqüentemente sacrifica-se a revolução russa. E como esta ação fosse contrária a tudo que é marxismo, só podia gerar o absolutismo burocrático, os privilégios excessivos dos dirigentes, o conservantismo nacional. Como se pode comportar esta casta, constituída na sua quase totalidade de arrivées, diante das conquistas da Revolução proletária? A revolução foi feita tendo por fim o estabelecimento de uma sociedade sem classes, sem privilegiados, portanto sem deserdados. Uma sociedade concebida nestes moldes não teria necessidade de uma burocracia profissional para exercer uma coerção estatal, por isso mesmo que as funções seriam exercidas pelos próprios cidadãos. As condições a que aludimos fizeram com que a estrutura atual do Estado soviético seja o oposto desse ideal. Ora, nós sabemos que não há governo que possa se exercer sem uma ideologia real ou fictícia. E a burocracia viu-se obrigada a apoiar-se, pelo menos ficticiamente, na ideologia comunista revolucionária. Conseguiu isto, mascarando e dissimulando seus privilégios com a mentira, justificando com fórmulas comunistas relações e fatos que nada têm realmente com o comunismo.

O abismo entre a palavra e a realidade é cada vez mais profundo, daí ser necessário rever cada ano não apenas as fórmulas mais sagradas, mas até os próprios princípios. Deste modo, a burocracia bonapartista não só apossa-se das conquistas da revolução mas falseia-a, despindo-a dos seus caracteres mais essenciais sob a alegação de que constituem “erros de esquerda”. À maior dissonância ela revela o seu caráter policial, perseguindo, “depurando” sob o rótulo de trotskismo. Do estado soviético, do estado operário, fez um estado totalitário. A própria efervescência das idéias e das relações sociais, que são o fenômeno natural que segue qualquer grande transformação social, tornou-se-lhe perigosa. Ela teme a discussão porque teme a crítica, e teme a crítica porque teme a massa. O seu verdadeiro medo é ver perdidos os seus privilégios, daí o não permitir nenhuma discussão, daí as prisões, daí as deportações, os fuzilamentos. Teme a crítica e por este temor mesmo ela só pode perceber os fenômenos através dos bureaux e não através das discussões, que são o único índice preciso. Os bureaux são um aparelho de coerção, não um aparelho de ação. A burocracia pode produzir burocratas e lacaios servis, nunca revolucionários. Ela terá que ser necessariamente vacilante e pouco segura na sua ação. Ao primeiro embate histórico toda sua inconsistência interior manifestar-se-á .

A burocracia no exterior

A IC sofreu, como não podia deixar de sofrer, grandes modificações, quer na sua ação política, quer na sua organização, desde que a Revolução foi vitoriosa em um país. Esta ação que naturalmente devia tornar-se mais decisiva e mais eficaz, dada a existência de um ponto de apoio material – um Estado operário – tornou-se negativa, senão criminosa. A origem deste fato está na própria burocracia soviética. A Internacional tornou-se, de organização revolucionária do proletariado, um apêndice da burocracia termidoriana, um órgão para manter-lhe os privilégios. Os métodos da Internacional são um esboço grotesco dos métodos da burocracia bonapartista, as suas organizações, instrumentos servis, a sua imprensa, o eco da imprensa soviética. Se a história tivesse permitido que a revolução russa seguisse o seu desenvolvimento natural, a IC seria o instrumento da extroversão da Revolução de Outubro, seria o meio de dragar para o proletariado internacional as energias obtidas com a tomada do poder. Em vez disso a União Soviética toma a posição de introversão, procura captar todas as forças do proletariado para “a defesa da URSS” (isto é, defesa da burocracia), relegando para um plano inferior a revolução internacional. Realmente a burocracia stalinista age no sentido de que a União Soviética tome, juridicamente, no quadro das relações internacionais, todas as características de um estado burguês. Acordos econômicos e militares com países capitalistas fizeram com que a URSS perdesse definitivamente a sua liberdade de ação no exterior. Que foi a IC em tudo isto? Ela foi o instrumento junto às massas trabalhadoras da política de “escoras internacionais” empreendida pela estupidez burocrática, na ânsia de garantir-se. Ela serviu para fabricar, nos países de maior influência da URSS, a atmosfera de calma interior, necessária à preparação bélica, desenvolvendo em escala internacional a política de frentes populares com a burguesia. Castrou as massas operárias, impregnando o ar de um espírito reformista e anti-revolucionário, confundindo capciosamente defesa da casta governamental com a defesa da União Soviética. A URSS só seria realmente defendida por uma ação efetivamente revolucionária do proletariado internacional; mas a burocracia dirigente só pode se defender à custa de conchavos e de alianças internacionais. Mais. A burocracia é naturalmente oportunista, daí os ziguezagues que caracterizaram a sua política externa e portanto aquela da IC. Nesses ziguezagues, em que tudo o que era bolchevismo foi perdido, a IC freou o proletariado, traiu-o, até amarrá-lo ao imperialismo, lançando-lhe a esperança numa messiânica guerra futura. Como pode, porém, a IC chegar a tal ponto de degenerescência, sem possuir um aparelho estatal para reprimir as divergências, revolucionárias naturalmente, que haveriam de surgir no seu seio? É claro que a IC não conseguiria chegar à decrepitude atual senão fugindo lentamente daquilo que, de Lenin para cá, denominou-se bolchevismo.

Bolchevismo é o método marxista de ação revolucionária. A IC nega-o objetivamente quando se lança nos braços dos países democráticos, em vez de explorar tecnicamente os recursos de que pode dispor o proletariado na sua luta, recursos que, pela profundeza dos fenômenos históricos de que emanam, excluem naturalmente a política de recuos sistemáticos, de conchavos ou de uniões. Toda ação objetiva da IC hoje visa atenuar os antagonismos de classe e colocar o proletariado, pelo menos teoricamente, como o aproveitador fugaz dos choques interburgueses. Daí ligá-lo a determinados grupos da burguesia, tirar-lhe a independência política e até orgânica. Que tem isto de comum com o marxismo-leninismo, que faz toda sua ação objetiva se basear na oposição de classe a classe, forçando ao mesmo tempo teoricamente os meios do proletariado atingir o poder e praticamente o modo de exercê-lo? Para que esta ação se faça de modo conciso e justo é necessário que o Partido viva subjetivamente apoiado em dois princípios: unidade de ação e democracia mais ampla. E compreende-se: as organizações revolucionárias são do proletariado. A linha política será tanto mais justa quanto maior for a consciência que estas organizações tenham das suas próprias forças, e quanto maior for o conhecimento que tenham da realidade. E a realidade, a situação objetiva, não pode ser sentida por bureaux; ela só é percebida pela própria massa. Daí ser imprescindível para que uma organização revolucionária continue como tal que as sua iniciativas políticas partam da base, ao menos no seu esboço. Daí remonta aos quadros dirigentes, onde terá uma forma mais precisa, voltando então à massa, que adota as realizações práticas. Mas não é formal este processo de mecânica organizatória bolchevique. Aí está a história do partido russo até a revolução. Essa democracia interna permite que a massa só aja com uma certa consciência da ação, daí a firmeza, a unidade. A IC viu-se diante de um dilema: ou burocratizar- se ou agir contra os interesses da casta governamental soviética. E assim empreendeu e realizou a obra completa da burocratização de suas seções. Paulatinamente foi-se centralizando o poder político, os dirigentes habituando-se a ver a massa de longe, através de hipóteses; as discussões foram tomando um caráter cada vez mais secundário diante das ordens cada vez mais ditatoriais da direção. Hoje a obra está terminada. Ela pode ser contemplada em toda a sua extensão: o servilismo ou o meio dos militantes de base, as dissonância cada vez mais raras e cada vez mais violentamente abafadas, a imenso importância dos bureaux em relação à base, a putrefação ideológica. Hoje a burocracia da Internacional impera absoluta, mas a própria organização burocrática fará com que ao primeiro grande embate histórico as sua seções se desagreguem, apareçam cisões nos seus seios.

Seria errôneo e artificial julgar que tais cisões sejam apenas fenômenos de desagregação. Elas são também, e em grande parte, função das traições de classe, da própria composição dos partidos. E não nos esqueçamos que “se as diferenças de pontos de vista no seio do partido coincidir com diferenças de classe nenhuma força nos afastará da cisão” (Lenin – Testamento). À medida que nos aproximamos do epílogo das crises mais ou menos continuadas do capitalismo, vamos sentindo a necessidade de abandonar aqueles que traíram o proletariado na China, na França, na Alemanha, na Espanha, sob pena de sermos cúmplices de uma catástrofe histórica. A burocracia perdendo terreno, acuada pela massa operária, será cada vez mais violenta na sua ação compressora. Isto é um caráter que lhe é específico. Não esqueçamos as palavras de Stalin, palavras típicas de um golpe bonapartista: “Estes quadros só serão destituídos pela guerra civil” (Pleno do CC de agosto de 27).

Os elementos conscientes e capazes saberão o caminho a seguir. Saberão encarar a burocracia como um acidente funesto, mas incapaz de deter a marcha da história.

Saudações revolucionárias!

PAGU

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Auto-defesa é isso aí... #GreekRevolution


Aconteceu em Atenas. Durante manifestação popular uma bomba explodiu entre manifestantes e rapidamente a comissão de segurança da Frente da Esquerda Anticapitalista Grega (ANTARSYA) perfilou-se em frente ao batalhão de choque da polícia de forma a assegurar que a manifestação pudesse transcorrer tranquilamente. Auto-defesa é isso aí...