sábado, 21 de setembro de 2013

"Ontem era na marra, hoje nem na canetada. O que mudou?" (via @passapalavra)

Não é novidade. Não existe reforma agrária no governo de Frente Popular. Não é que simplesmente não exista política de reforma agrária, que de fato não existe, apesar daquela tal promessa do então candidato Lula de que tudo seria feito de uma única canetada. É pior. Não existe mais a luta pela reforma agrária. Pelo menos não como antes de 2003. Na prática uma trégua eterna ao governo petista foi assinada, ainda que sem caneta, pelas lideranças do MST, com a desculpa de que "não é tempo" de ocupações. Isso também não é novidade para muitos dos que já haviam percebido as limitações da aliança entre PT e MST. Novidade é ler uma análise deste naipe de um trabalhador assentado. Vale ler.

Ontem era na marra, hoje nem na canetada. O que mudou?
Por um Assentado

Um assentamento novo, cheio de promessas não cumpridas. Está tudo tão diferente! As pessoas se reúnem, querem respostas de quem deveria tomar providências. Nada muda, nada é para mudar!

Ocupações, resistências. Alguns se foram, alguns se escondem, todos por acreditar que era possível a reforma agrária, que o fim justificava os meios. Doce ilusão. Os anos passaram, vai se governo, entram-se outros e nada de mudar.

Ontem ocupávamos fazenda de presidentes, hoje se senta à mesa para negociar com a presidenta. Ontem eram apoiadores, hoje somos mais que amigos. Ontem era na marra, hoje nem na canetada. O que mudou?

Novas parcerias surgiram, agroecologia será feita com o agronegócio. Enquanto isso, em uma terra não muito distante, pessoas podem ser despejadas e não têm casa, não têm terra. Triste começo.

Queríamos terra, créditos para produzir. Teremos que trabalhar na cidade para abastecer a mesa. Fazer jóias para pagar as contas. Temos um palmo de terra. A merenda escolar quer feijão, arroz parborizado ou achocolatado industrializado. Vamos esperar as crianças gostarem de alface, mandioca, banana ou quem sabe abóbora?

Onde está o poder de pressão? Ocupar e depois negociar. Abrir as porteiras e deixa povo levantar seus barracos, destruir as canas, plantar. Isso parece não pertencer mais a esta bandeira.

Grita-se a voz. Ocupa ou não ocupa? Agora já não mais. Não é tempo de pressionar, dizem uns, outros dizem que é tempo de disputar. Afinal é tempo de quê?

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