sexta-feira, 1 de abril de 2016

Uma "rápida" observação do que foram os atos desse dia 31 (texto de Bruno Rodrigues)


Mais uma contribuição do nosso camarada Bruno Rodrigues, estudante da UFC, ativista do Coletivo Construção Socialista e militante da Nova Organização Socialista. Neste texto Bruno aborda os atos de 31 de março promovidos em todo o país chamando atenção para a composição política que vai para bem além dos que supostamente aderiram ao governismo.

Como sempre, uma boa leitura.


Para uma "rápida" observação do que foram os atos desse dia 31, não acho prudente começar afirmando de forma sumária e portanto simplória, de que se tratava de um ato objetivamente governista. Que foram atos governistas, é só metade do assunto, pois, tal como dia 18, é preciso considerar não quem foi às ruas pelo governo, mas justamente quem foi apesar dele. Não se trata, aliás, somente da Frente Povo Sem Medo (do qual participam o PSOL, MTST e outras tantas correntes fora do governismo) que formalmente aderiu ao dia 31, tentando preservar algum espirito crítico em relação ao governo, mas particularmente para além dessa frente.

Para muitos, está claro como a luz do dia, que não se trata de preservar esse governo, mas de impedir que um pior se instale. Muitos amigos foram ontem, justamente com esse espírito.

Não creio que o apoio ao governo seja unânime na classe trabalhadora. Muitos dos que foram, apesar do governo e apesar do seu receio de se diluírem no mar CUTista de babação do Lula e da Dilma, o fizeram por saber, de forma muito certeira, que esse governo só pode ser derrubado pela própria classe trabalhadora, e não pelos partidos oficiais da burguesia. Por mais que o PT tenha se esforçado para conseguir um lugar no banquete, a burguesia não aceita quem venha de um berço de classe distinto do seu e pra ela, chegou a hora de expulsar esses "forasteiros no palácio do capital".

Lula e o PT, já perderam aquela autoridade que tinham, quando aplicavam as piores contrarreformas sociais, ao mesmo tempo que pediam paciência da classe trabalhadora e ainda contavam com a obediência cega, surda e muda da CUT e da UNE, e com a trégua do MST. Michel Temer, que está a anos luz dessa autoridade, sem dúvidas será considerado um governo frágil e também estará sujeito a um novo afastamento por parte dos seus aliados, se não estiver à altura da empreitada que será aplicar sua "ponte para o futuro".

O dificílimo desafio está justamente, e por sinal já em atraso de alguns meses, em combater em dois fronts: impedir que o golpe institucional se consuma, ao mesmo tempo que se combata sem trégua, contra o plano de austeridade econômica do governo Dilma. Me esforçando para evitar o perigo do auto-engano, acredito que reverter a correlação de forças a nossa favor, não é impossível. Para isso, TODA unidade na ação é indispensável, mas a independência política e de classe, é fator vital.

Que chorem aqueles que se apavoram com as incongruências da conjuntura e exigem, armados com sua espadinha de papel da lógica formal, que a realidade volte a ser alinhada em preto e branco. Que praguejem sua fraseologia idealista à vontade: só encontrarão ouvidos moucos, em meio a classe trabalhadora. Quem não consegue reconhecer os matizes e variações de cores dessa conjuntura, só mostra que não entendeu nada do que vem acontecendo de junho de 2013 até aqui.

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