domingo, 30 de outubro de 2011

A China soterrada


A China é uma referência para todas as grandes e até pequenas economias do mundo. O "crescimento chinês" é cantado aos quatro cantos do planeta. "Nós não vamos competir nunca com a China com essa legislação trabalhista atrasada" repetem empresários por todo o mundo, inclusive no Brasil. E enquanto repetem esse mantra para convencerem os governos locais à fazer voltar ao século XIX a roda do tempo no mundo do trabalho em seu país, sonham em investir ou mesmo planejam avançar seus investimentos na República Popular da China.

Não é nova a frase que diz que "a China é a fábrica do mundo" e já não é somente do "Made in Taiwan" que estamos falando. Até o final de 2006 eram 30 milhões de empresas privadas em solo chinês. Cinco anos depois esse número com certeza é muito maior. E isso sem falar naquelas que simplesmente terceirizam sua produção buscando barateamento à custa do trabalho escravo e semi-escravo, como gigantes como a Nokia, Microsoft e Apple.

Enquanto isso os operários e operárias chineses se matam de trabalhar para garantir o sucesso das grandes marcas mundo afora. E quando dizemos "se matam" não falamos como mera retórica.

Um dos exemplos dessa matança é o que ocorre no subsolo chinês. Só nas minas de carvão são quase 3000 mortes por ano. Em 2009 foram 2631 mortes, no ano anterior foram 2433 e nada indica que 2011 será diferente. Ainda ontem, dia 29 de outubro, mais 29 mineiros morreram soterrados após uma explosão em uma mina estatal na província de Hengyang.

O gigante que sustenta o mundo diante da atual crise econômica o faz apoiado nos corpos de milhares de homens e mulheres. A pergunta é: O que será desse mundo quando os trabalhadores chineses disserem "NÃO"?

sábado, 29 de outubro de 2011

O analfabeto político (Bertold Brecht)



O pior analfabeto é o analfabeto político. 
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. 
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, 
do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio 
dependem das decisões políticas. 
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia 
a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, 
o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, 
pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo.

(*) O video enxerta trechos de Nada é impossível de mudar

Precisamos de você (Bertold Brecht)


Aprende - lê nos olhos,
lê nos olhos - aprende
a ler jornais, aprende:
a verdade pensa
com tua cabeça.

Faça perguntas sem medo
não te convenças sozinho
mas vejas com teus olhos.
Se não descobriu por si
na verdade não descobriu.

Confere tudo ponto
por ponto - afinal
você faz parte de tudo,
também vai no barco,
"aí pagar o pato, vai
pegar no leme um dia.

Aponte o dedo, pergunta
que é isso? Como foi
parar aí? Por que?
Você faz parte de tudo.

Aprende, não perde nada
das discussões, do silêncio.
Esteja sempre aprendendo
por nós e por você.

Você não será ouvinte
diante da discussão,
não será cogumelo
de sombras e bastidores,
não será cenário
para nossa ação

Aos que virão depois de nós (Bertold Brecht)



I

Eu vivo em tempos sombrios.
Uma linguagem sem malícia é sinal de
estupidez,
uma testa sem rugas é sinal de indiferença.
Aquele que ainda ri é porque ainda não
recebeu a terrível notícia.

Que tempos são esses, quando
falar sobre flores é quase um crime.
Pois significa silenciar sobre tanta injustiça?
Aquele que cruza tranqüilamente a rua
já está então inacessível aos amigos
que se encontram necessitados?

É verdade: eu ainda ganho o bastante para viver.
Mas acreditem: é por acaso. Nado do que eu faço
Dá-me o direito de comer quando eu tenho fome.
Por acaso estou sendo poupado.
(Se a minha sorte me deixa estou perdido!)

Dizem-me: come e bebe!
Fica feliz por teres o que tens!
Mas como é que posso comer e beber,
se a comida que eu como, eu tiro de quem tem fome?
se o copo de água que eu bebo, faz falta a
quem tem sede?
Mas apesar disso, eu continuo comendo e bebendo.


Eu queria ser um sábio.

Nos livros antigos está escrito o que é a sabedoria:
Manter-se afastado dos problemas do mundo
e sem medo passar o tempo que se tem para
viver na terra;
Seguir seu caminho sem violência,
pagar o mal com o bem,
não satisfazer os desejos, mas esquecê-los.
Sabedoria é isso!
Mas eu não consigo agir assim.
É verdade, eu vivo em tempos sombrios!

II

Eu vim para a cidade no tempo da desordem,
quando a fome reinava.
Eu vim para o convívio dos homens no tempo
da revolta
e me revoltei ao lado deles.
Assim se passou o tempo
que me foi dado viver sobre a terra.
Eu comi o meu pão no meio das batalhas,
deitei-me entre os assassinos para dormir,
Fiz amor sem muita atenção
e não tive paciência com a natureza.
Assim se passou o tempo
que me foi dado viver sobre a terra.

III

Vocês, que vão emergir das ondas
em que nós perecemos, pensem,
quando falarem das nossas fraquezas,
nos tempos sombrios
de que vocês tiveram a sorte de escapar.

Nós existíamos através da luta de classes,
mudando mais seguidamente de países que de
sapatos, desesperados!
quando só havia injustiça e não havia revolta.

Nós sabemos:
o ódio contra a baixeza
também endurece os rostos!
A cólera contra a injustiça
faz a voz ficar rouca!
Infelizmente, nós,
que queríamos preparar o caminho para a
amizade,
não pudemos ser, nós mesmos, bons amigos.
Mas vocês, quando chegar o tempo
em que o homem seja amigo do homem,
pensem em nós
com um pouco de compreensão.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Dragões...

Amorim manda ver na comparação entre os dragões brasileiro e chinês. Enquanto o de lá mingua aos poucos o de cá engorda aos muitos.

Mais charges do Amorim aqui.

Free Market Capitalism

Gente sem casa. Casa sem gente.
Mais charges em Milt Priggee.

domingo, 23 de outubro de 2011

Minha casa, minha vida, sem salário e sem comida

É assim que os trabalhadores da construção civil do Ceará conhecem o programa de habitação do governo federal. É comum que as empreiteiras agraciadas com as verbas nacionais do Minha Casa, Minha Vida inponham aos operários um ambiente de trabalho humilhante sem respeitar nenhuma cláusula que favoreça aos trabalhadores. Até que um dia os operários simplesmente não toleram mais a exploração.

O video é do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Fortaleza.

sábado, 22 de outubro de 2011

"Senti um desespero tão grande que perdi o controle"


O homem da imagém é o empresário grego Apóstolos Polyzonis ateando fogo no próprio corpo em frente a uma agência bancária no início de outubro. Quando o banco pediu de volta o empréstimo que havia feito, o deixando falido, Polyzonis se dirigiu à agência para reivindicar uma alternativa.
"Quando se recusaram a me receber senti um desespero tão grande que perdi o controle".
Não tendo como pagar o curso universitário da filha e prestes a ver a casa confiscada, abraçou a tentativa de suicídio. Apóstolos não é o único na Grécia a enveredar por acabar com a própria vida. Segundo Andreas Loverdos, ministro da Saúde da Grécia, o número de suicidios no país teve um aumento de 40% somente nos primeiros meses de 2011. Em 2010, a Grécia era dos países no mundo com menor índice de suicídios no mundo. Já não é mais.

É a crise econômica fazendo vítimas aos montes.

Leia mais aqui, aqui e aqui.

McDonalds impõe jornada de escravidão

Provavelmente você já ouviu falar isso. Pois é exatamente essa dimensão que trata a video-reportagem "Uma jornada criminosa" realizada pelo SINTHORESP apresentando depoimentos de jovens trabalhadores brasileiros. O video possui um site próprio, o www.jornadacriminosa.com.br, e está também no YouTube.


Como pano dos 21 minutos de video existe uma disputa entre o SINTHORESP e o SINDFAST, que acaba por não aprofundar o quanto seria possível e até necessário o nível de exploração dos trabalhadores do McDonald's. Ainda assim vale a pena conferir.

sábado, 15 de outubro de 2011

OccupyBrazil? Unfortunately not yet


Não dá pra duvidar que a crise econômica mundial fez entrar em cena os movimentos sociais por todo o planeta. Nas ruas e nas praças movimentos de ocupação se espalham na França, Espanha, Itália, Inglaterra e, por incrível que pudesse parecer para alguns, também nos Estados Unidos. Para o dia 15 de outubro um grande protesto global foi difundido pelas redes sociais em apoio ao movimento #occupywallstreet que completa 1 mês no dia 17. A data foi marcada com a hashtag #15O e muitas manifestações de fato ocorreram em várias cidades do mundo. Até mesmo em algumas cidades brasileiras aconteceram algumas coisinhas, mas digamos que, com raras exceções, foi assim "algumas coisinhas" bem pequenininhas.

Mas afinal de contas por que as coisas não emplacam por aqui? Estará o Brasil fadado a não ter mais grandes manifestações? O "gigante pela própria natureza" adormeceu de vez? Terá sido o "Fora Collor" o suspiro final dos grandes enfrentamentos nacionais? Não... é claro que não.

O fato é que não se fazem grandes protestos e manifestações simplesmente pelo andar de cima via controle remoto. Não é um twittaço, um evento no Facebook ou uma hashtag, por mais justa que seja, que levará as pessoas às ruas. O que move milhares para ocupar praças e avenidas são as condições precárias de vida, atualmente ainda mais agudizadas pelos efeitos da crise econômica. Algumas das frases que se pode ler nas muitas placas erguidas pelos manifestantes nas ruas de Wall Street dizem "lost my job, found an occupation" (perdi meu trabalho, achei uma ocupação), "i want to work" (eu quero trabalhar), "we want jobs not cut" (queremos trabalho e não cortes) e "jobs with justice" (empregos com justiça). É emprego, salário e direitos básicos, como um sistema de saúde público, que move os estadunidenses. Assim como é emprego que move os espanhóis, italianos e principalmente os gregos que demonstram isso mais claramente que qualquer outro povo com as suas inúmeras greves radicalizadas uma atrás da outra. As redes sociais não passam de ferramentas, muito importantes, mas simples ferramentas.


Embora a hashtag #occupy exista para todos, o crescimento desenfreado do desemprego ou mesmo da inflação não é igual em todo mundo nem uma realidade no Brasil. Pelo menos por enquanto.

Por mais que os amantes das máscaras de Gui Fawkes desejem ver ruas e praças ocupadas quem sabe na luta contra a corrupção, o mais provável, é que isso não saia do mundo dos desejos, por mais que apresentadores como Marcelo Taz convoquem o povo para tanto.

Isso vai ficar assim pra sempre? Existem razões pra acreditar que não mas serão a longevidade da crise econômica e as atitudes do governo que dirão.

The rescue plan


Muito boa a charge de Bennet com o plano de resgate para a grande crise econômica que assola o mundo.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

It's a miracle!


Famílias dos 33 mineiros no Chile: 
- É um milagre! Deus seja louvado por salvar nossos entes queridos.

Famílias de pelo menos 12.000 mineiros por ano no mundo inteiro: 
- Por que ele não salvou os nossos?

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Estupro? Que estupro? Foi só uma brincadeira de rapazes


Está no site "Jornal Já" em um artigo assinado por Renan Antunes de Oliveira. O título é "Farda nunca mais" e conta a história do pracinha gaucho de 19 anos que recebe o apelido de DPK. “Eles me jogaram de bruços na cama e taparam minha boca pra não gritar”, conta o garoto sobre o episódio em que quatro "colegas" do quartel o estupraram enquanto um outro vigiava a porta e mais 14 assistiram sem fazer absolutamente nada.

Superada a vergonha, DPK teve a coragem de denunciar e exigir do exército que investigasse e punisse. Qual a reação da corporação? Negar, acobertar e culpar a vítima que só podia ser homossexual por gostar de ouvir e se vestir como os meninos da banda Restart. A principal declaração para o episódio é do general Sérgio Etchegoyen, que diz que o caso não passou de uma "brincadeira entre os rapazes".

A história demonstra a natureza violenta e desumana das forças armadas. Merece e precisa ser divulgada. Parabéns ao "Jornal Já" e ao jornalista Renan Antunes pela forma tão envolvente que nos relata tamanho absurdo.

Eis o link: Farda nunca mais.

domingo, 2 de outubro de 2011

Quadro negro (charge)

Clayton

Aprovar lei na marra é com os Ferreira Gomes. #cidsanguinario

Uma imagem que com certeza marcará a gestão do governo Cid Gomes e que se a oposição de esquerda for inteligente utilizará muito daqui pra frente é a do professor que foi agredido pelo batalhão de choque esta semana.


A batalha pelo cumprimento da lei do piso no Ceará chegou a um novo patamar. O governador, no bom estilo Ferreira Gomes, mandou uma mensagem para a ALEC com a ordem expressa de aprovar a qualquer custo, e seus comparsas deputados não deixaram por menos. A lei foi aprovada com o apoio inclusive de figuras supostamente ligadas à educação como o petista professor Carlos. Dois dias depois a assembléia ocupada pelos professores foi liberada pelos manifestantes. Apesar do sindicato que fará de tudo para tentar retomar o controle, a greve continua, mas se engana quem pensa que tudo voltará ao normal.

A imagem de um professor ensaguentado manchou de vez as mãos do governador Cid Gomes e de sua tropa de choque parlamentar. Pois que essa imagem seja conhecida e muito, muito divulgada.


Que os professores não se deixem iludir e que continuem a dar essa tremenda aula de resistência e luta que estão proporcionando a todos os cearenses.