terça-feira, 27 de novembro de 2012

Você precisa assistir o curta "Pode me chamar de Nadí" #belezanegra #negritude


Um belo dia o professor Déo Cardoso encontrou sua afilhada Nadí chorando. Quando perguntou o que tinha acontecido ela respondeu que não aguentava mais ser chamada de "cabelo de bombril" pelos meninos da escola. Depois de tanto tentar em vão convencê-la de que isso era besteira e que ela deveria deixar pra lá, prometeu que faria alguma coisa para ajudá-la. Escreveu um roteiro para um curta e apresentou à pequena, que meteu o pitaco e deixou o filme a cara dela. A promessa já estava "meio" cumprida faltava agora só o mais difícil, afinal do que adiantava um roteiro de filme se o dito filme não fosse parar na telona? E dois anos se passaram e Nadí não parou de importunar o padrinho um único instante. E muitos "nãos" Déo levou de todos os lados até que na última hora do último dia do prazo para inscrição em um concurso para produção de curtas do governo do Estado do Ceará os ventos mudaram para o professor. Para sua surpresa (ele já não tinha esperança mesmo que poderia cumprir sua promessa), arrematou o primeiro lugar no concurso e utilizou todo o dinheiro do prêmio para produzir o belíssimo "Pode me chamar de Nadí", que é sem sombra de dúvida, um dos filmes mais brilhantes e sensíveis que alguém já produziu sobre o tema da beleza negra.


Pode Me Chamar de Nadí / Just Call Me Nadi from déo cardoso on Vimeo.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Eu fico com a pureza da resposta das crianças #14N


Achei linda essa pequena marchando nas ruas de Portugal nas manifestações da primeira greve geral européia. Bandeira vermelha em punho e palavra de ordem à boca. Linda, linda, linda! Quase sem querer me veio o trecho inicial de "O que é o que é" de Gonzaguinha: "Eu fico com a pureza da resposta das crianças. É a vida. É bonita e é bonita!". Que a vida possa ser bonita para todos nós! Que a façamos bonita! Viva a luta internacional dos trabalhadores!

Imagens da repressão aos protestos do #14N na Europa











Alemanha, França, Itália e Portugal também no #14N





Mais imagens do #14N na Espanha







Greves não servem para nada (#charge de @JRMora) #14N #huelgageneral

- Essa coisa de greves é um anacronismo. Não serve para nada. Não penso em parar.
- Está em seu direito.
Mais charges de JRMora aqui.

Cartaz "Shutdown the Troika" #14N #GeneralStrike

14N: Greve Geral! Libete a Europa, desligue a Troika.

Imagens da convocação à greve geral na Espanha #14N #tomalahuelga

14N: Si nos roban el futuro paramos la icudad

14N: Papai urso, mamãe urso e bebê urso também protestam

14N: Não é coisa de sindicatos é coisa de todos

14N: Sem trabalho, sem futuro... sem medo

14N: Resgatam bancos, despejam pessoas.

Imagens do #14N na Espanha #TomaLaHuelga

#14N: Barricada em Barcelona
#14N: Concentração em Hospital La Princesa, Madrid
#14N: Passeata em Madrid
#14N: Piquete em Lugo
#14N: Piquete em Toledo

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Feliz aniversário Trotsky! #95anosDaRevolucaoRussa


Quando seu pequeno Liova nasceu em 7 de novembro nos idos de 1879, David e Anna Bronstein não faziam a menor ideia do quão grandioso iria se tornar seu rebento. Nem poderiam. Mas eis que ao alcançar seus 38 anos, em 7 de novembro de 1917, Liova, então conhecido como Leon Trotsky, ao lado de Lênin e de seus companheiros bolcheviques, presenteou a humanidade com o primeiro estado operário do planeta.

Se é verdade que sem o partido bolchevique com toda sua história e tradição de anos de enfrentamentos com o regime violento do czarismo não seria possível sequer pensar o sucesso da revolução, igualmente é verdade que sem Trotsky, muito provavelmente, os bolcheviques teriam no mínimo muito mais dificuldade não só de planejar e levar à execução a revolução de outubro como também de levar adiante toda a luta cruenta contra os exércitos brancos entre os anos de 1918 e 1921.

E por ter ido tão alto e tendo levado consigo a classe operária ao que Marx chamaria de "assalto aos céus", vivenciou o que seria a maior das quedas, meio que como se amaldiçoado pelo sacrilégio de tentar libertar a humanidade de seu próprio jugo. De grande herói logo passou a caluniado por seus próprios ex-companheiros e daí em diante amargou o exílio, a perseguição e o assassinato a mando dos dirigentes do estado que ele mesmo havia ajudado a parir.

Trotsky é sem dúvida um dos nomes mais importantes de toda a história da humanidade e a ele prestamos nossa homenagem. Aos 133 anos de seu nascimento deixamos aqui o nosso Feliz Aniversário.

domingo, 4 de novembro de 2012

Vinte reais pela inocência de crianças #FimDaViolenciaContraMulheres

São Gabriel da Cachoeira é o maior município do país chegando a representar sozinho mais de 1% de todo o território nacional, sendo maior que estados como Rio de Janeiro e Pernambuco. Situado no extremo noroeste do Brasil em plena área de Floresta Amazônica e fazendo fronteira com Colômbia e Venezuela, o município já foi considerado área de segurança nacional (1968 a 1984) e abriga ainda hoje vários postos e quartéis das Forças Armadas. Quase 90% da população da região é comprovadamente indígena e até por isso é o primeiro município do país a aceitar oficialmente além do português, 3 idiomas nativos desde novembro de 2002: o Nheengatu, o Tukano e o Baniua. Sua economia é basicamente voltada para a agricultura de subsistência mesmo possuindo uma das maiores reservas mundiais de Nióbio segundo dados do próprio governo estadunidense.

Neste domingo São Gabriel virou notícia na imprensa do país. Não pelo Nióbio, por qualquer incidente nas fronteiras ou pela experiência pioneira de pluralismo linguístico. São Gabriel virou notícia pela violência dos não-índios contra os povos indígenas, mas não qualquer tipo de violência, uma das piores delas, a violência sexual contra as meninas. Está em artigo de Kátia Brasil, enviada da Folha à região, os relatos de 5 meninas que denunciam o envolvimento de vereadores, comerciantes e militares na compra da virgindade das crianças das etnias tariana, unana, tucano e baré. Uma das garotas, hoje com quinze anos, disse que chegou a presenciar "encontros de sete homens com meninas de até dez anos". Ao passo que a inocência é geralmente "comprada" por R$ 20,00, bombons, roupas ou celulares, o silêncio é obtido via ameaças de morte ("Não conte a ninguém ou lhe mato").

O caso não é novo. Já havia sido denunciado à polícia cívil do município há mais de um ano e após o longo período parado sem nenhuma evolução caiu na esfera da polícia federal no mês passado, para agora cair na esfera das redes sociais. O que esperar agora? Antes de mais nada que seja denunciado com todo o vigor e espalhado por todos os cantos como um verdadeiro escândalo precisa ser espalhado de maneira que São Gabriel de Cachoeira paute a imprensa por uma notícia da qual possamos nos orgulhar um pouco que seja: a prisão de todos os envolvidos nessa horrenda rede de pedofilia. Resolveremos o problema da violência contra meninas com isso? Claro que não. É impossível pensar o capitalismo sem a coisificação das pessoas, independente de gênero ou idade, e se é coisa, pode ser comercializado. Isso quer dizer que não temos o que fazer? Muito pelo contrário. Denunciemos e lutemos contra toda monstruosidade mas que não se perca a consciência que é preciso destruir o próprio capitalismo, ou todos os velhos monstros se erguerão novamente.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Rebelião popular invade cena pop em rap de Jay-Z


Enquanto a crise econômica mundial aberta em 2008 não se fecha, o mundo pop não deixa por menos, chega junto e fatura em cima. Levando ao extremo a máxima do "aquilo que não me mata, me fortalece", o capitalismo transforma em mercadoria até mesmo as cenas de rebelião e insubordinação popular. Prova disso é o clipe do single "No church in the wild" dos rappers Jay-Z e Kayne West, primeira faixa do álbum "Watch the Throne" lançado em agosto do ano passado.

Jay-Z, nome artístico do novaiorquino Shawn Corey Carter, é daqueles rappers que não tem absolutamente nada a ver com a cultura hip-hop de raiz, seus rap's não cantam a vida do povo pobre do Brooklin, nem muito menos convidam a qualquer mudança. Milionário e tido como artista "mainstream", Jay-Z via de regra não faz parte do repertório músical dos levantes populares nem nos Estados Unidos, que viveram no ano passado o ápice do movimento Occuppy Wall Street, nem em nenhum outro lugar do mundo onde se tenha ido às ruas contra os planos de austeridade para salvar as grandes empresas da crise econômica. As manifestações na Grécia, Espanha, França, Irlanda ou Portugal não tem em Jay-Z sua trilha sonora.

Mas quem disse que ainda assim não se pode aproveitar do clima mundial de rebeldia? E é aí que entra em cena o video de "No church in the wild" (Não há igrejas no mundo selvagem) que contou com a direção do francês Romain Gavras, diretor de clipes com cenas de violência urbana como Stress da dupla francesa Justice e Born Free da anglo cingalesa M.I.A.

No clipe do rapper ianque o cenário é uma locação em Praga e o cenário é um enfrentamento entre populares e a tropa de choque. As cenas impressionam em especial pelo realismo. Tudo começa com um coquetel molotov sendo acesso para em seguida ser jogado contra um cordão de policiais de uma tropa anti-disturbio. Manifestantes colocam capuzes e provocam. Dois deles partem pra cima dos escudos. A pancadaria começa. Cacetetes, cavalos, cachorros, mata-leão, spray de pimenta ao que os manifestantes devolvem com muita quebradeira de carros, lojas e com um carro de polícia em chamas arremessado contra os policiais. Ao final um elefante, isso mesmo, um elefante surge imponente no meio da confusão.

A primeira vista, o clipe é simpático aos olhos dos que acreditam na necessidade das manifestações populares, mas uma visão mais apurada vai sentir falta por exemplo das boas e velhas bandeiras sejam elas de quais cores sejam, pretas, verdes ou as minhas preferidas, as vermelhas. Assim como não existem bandeiras, não existem faixas, nem muito menos motivos. Por que raios esses rapazes, e olha só que interessante, são somente rapazes, não estão lá garotas nem muito menos senhoras e senhores, foram pro meio da rua se enfrentar com a polícia? Pura diversão de uma juventude sem causa? E pra tornar a coisa ainda mais distante da realidade, adivinha de quem parte a ofensiva? Adivinhou? No clipe de Gavras/West/Jay-Z são os manifestantes os que não só correm pra cima, como também são eles os que provocam e desafiam a polícia.

Depois que assisti e reassisti o clipe fiquei pensando comigo: "afinal de contas esses caras tão tomando partido de quem mesmo?".

Busquei na letra da música algo que me explicasse as motivações dos músicos, mas honestamente não encontrei. Se você por um acaso já conseguiu ou quem sabe vier a conseguir agradecerei muito a gentileza de me explicar. De toda forma, pelo bem ou pelo mal, a rebelião popular invadiu um pouquinho do mundo pop.