domingo, 25 de setembro de 2011

Professores do Ceará: Isso é que é aula.


No meu bom Ceará completaram-se mais de 40 dias de greve dos professores da rede estadual que enfrentam um governador que é incapaz de valorizar a educação no estado ao ponto de afirmar que os professores já ganham em muito e que precisam "trabalhar por amor". E os nossos bons professores não deixam por menos, seguem na luta e sem perder o bom humor. Isso sim é que é aula.

sábado, 24 de setembro de 2011

Poeminha do contra (Mário Quintana)


Bastaria o poeminha do contra para imortalizar Mário Quintana. O engraçado é que o poeta o escreveu por não ter sido aceito na Academia Brasileira de Letras. Vale conhecer um pouco do gaucho de Allegrete falecido em maio de 1994 vistando sua biografia no Releituras.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Não se lê Neruda


Não se lê Neruda. 
Neruda se sente.
Mas assim como não há tempo para o ler
também não há para o sentir.
Só há o tempo do produzir.
E o sentir somente se fará impor 
quando a dor se impor senhora.
E assim se morre lentamente,
como escravo do hábito,
a televisão como guia,
as paixões evitadas,
sem viagens, nem leituras,
sem os sentimentos à pele
versados em Neruda.

Giambatista Brito

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

"Vamos ganhar dinheiro"


"Let's make money" é um documentário austríaco de 110 minutos do diretor Erwin Wagenhofer lançado no ano de 2008 que explora os aspectos parasitários e destrutivos do mundo financeiro. O filme faz parte da recente safra de documentários anti-capitalistas realizados nos anos 2000, pós Fórum Social Mundial, dos quais também fazem parte The Corporation e Surplus.

O filme está disponível na íntegra no YouTube. Ei-lo:

domingo, 18 de setembro de 2011

Strauss-Khan e a "falha moral"


Saiu há pouco no portal da BBC Brasil:
O ex-diretor-gerente do FMI Dominique Strauss-Kahn disse que a relação que teve com uma camareira de hotel em Nova York, que levou a um escândalo sexual e à sua consequente renúncia, foi "inapropriada" e uma "falha moral".
Se me permitem a pergunta: o que afinal de contas foi "imoral" para Strauss-Khann? Se tal como ele diz, não houve estupro, a falha moral só podem ter sido as "investidas" sobre a camareira. Certo? Se é disso que se trata então vamos a uma nova pergunta: No fim das contas, o episódio seria somente uma "falha" ou seria um traço comportamental definido do diretor do FMI, já que como ele mesmo admite, não é a primeira vez que ele "assedia mas não estupra"?

E até onde o "consentimento" fruto de assédio é "moralmente" tolerável? O tema não é fácil mas não custa refletir um pouco sobre esse fantasma que ronda fábricas, corporações e muitas outras organizações mundo afora. Até mesmo porque o conceito de moral é completamente relativo e varia histórica e geograficamente. E isso sem falar que ainda existem aquelas organizações que possuem sua própria moral, tal como algumas seitas religiosas em que as mulheres, inclusive menores, devem transar com seu líder ou mentor espiritual. Para os integrantes da seita nada mais moralmente correto, afinal se a seita foi fundada em torno disso, qual o problema? Bom, o problema é que o que parece natural no fim das contas não é bem assim. A seita com todo seu repertório de idéias e valores absolutamente malucos normalmente induz as mulheres e em especial as meninas a pensar que não há nada demais nisso. E quando elas se derem conta do que ocorreu, já era, "foi consentido" e via de regra somente basta aceitar ou conviver com a vergonha.

Isso também vale para um sem número de empresas e fábricas por aí. Quantas e quantas operárias não são cercadas e assediadas até que "consentem" a tão perseguida transa seja pra garantir a manutenção do emprego, seja pra conseguir aquela vaga tão disputada, ou seja por simplesmente ceder à insistência e aos encantos do "conquistador". E aí fica a pergunta: assim pode?

Strauss-Khan na verdade não expressou uma falha moral. Expressou sua própria moral de todo-poderoso em que as pessoas não passam de objetos que existem simplesmente para satisfazer suas vontades e prazeres. Tudo "moralmente correto" até que alguém dê com a lingua nos dentes e o episódio se transmute em falha moral.

Luther King em Wall Street #occupywallstreet #ourwallstreet


Jogue o lixo fora. #occupywallstreet #ourwallstreet


Tahrir, indignados por toda Europa, estudantes no Chile e agora #occupywallstreet

"Alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial" nos cantava Caetano em 1991. Vinte anos depois o refrão parece se encaixar ainda melhor com a realidade. Dois mil e onze ainda tem pela frente mais de três meses dos seus doze e já nos apresentou tantas e tantas peripécias que é possível imaginar que alguma coisa começa a transbordar para além do que os "grandes" conseguem controlar.

Tahrir foi o começo de tudo com milhares de egípcios cansados de tanto Mubarak. Trinta anos de Mubarak, medo, desemprego, salários de fome, trabalho precário e violência policial. Um dia isso tudo cansa.

E depois de Tahrir, o mundo árabe não foi mais o mesmo. Não só caiu Mubarak, como o próprio Muammar Gaddafi, amigo íntimo de Berlusconi, também se foi.

Na Europa, manifestações pipocaram de março em diante ocupando praças e mais praças. Na Espanha não faltaram praças ocupadas. Em Portugal a "geração à rasca", que em bom português de seria algo como geração desesperada, tomou as ruas. E na Grécia... esses sim sabem fazer protesto: greves e mais greves deixam o governo de Karolos Papúlias e Geórgios Papandréu em mals bocados.

E como não poderia deixar de ser o bom sangue latino não deixou por menos e milhares de estudantes chilenos acompanhados por seus pais e professores tomaram as ruas em defesa da educação pública. E logo no Chile, onde depois do porrete de Pinochet tudo parecia tão pacífico e ordeiro.

Mas de fato algo parece realmente estar fora de ordem quando a máscara de Gui Fawkes chega a Wall Street e a hashtag #occupywallstreet é bloqueada no twitter.

O que mais nos reserva 2011?

sábado, 17 de setembro de 2011

Desculpas resolvem? Não! Zero pra Zara e pronto.


Os donos da Zara vieram ao Brasil pedir desculpas pelo episódio dos trabalhadores bolivianos em regime de escravidão descobertos em suas oficinas em agosto deste ano. A multinacional se diz "vítima" no caso de "subcontratação não autorizada". Tadinha da Zara. Deu até dó. Enganada pelos malvados "ateliês" clandestinos. A empresa ficou tão revoltada que anunciou o fim do uso da mão de obra de trabalhadores estrangeiros no Brasil e do uso da terceirização em sua produção.... aliás... quer dizer.... ela não fez isso não e.... nem vai fazer.

Na verdade a Zara é somente um caso dentro do imenso número de empresas que escravizam ou semi-escravizam trabalhadores por todo o mundo. E enquanto elas puderem se deleitar dos sabores da escravidão o farão simplesmente fazendo de conta que não sabem de onde vem tais delícias. E se por acaso forem pegas com a boca na botija aí é só usar o discurso de sempre, o bom e velho "eu não sabia". A Zara não é a primeira nem será a última. Nike, Wallmart, Microsoft e Apple são só algumas das grandes marcas que foram pegas "diversificando" sua mão de obra.

A lógica de toda e qualquer empresa é só uma: LUCRAR. Não há nenhuma novidade nisso. Quanto menos "custo" for possível desprender para produzir suas mercadorias maior o lucro as empresas. E o que for possível ser feito para isso será feito e se as empresas encontrarem um terreno propício para não pagar direitos sociais, aumentar a jornada de trabalho, não propiciar mínimas condições de higiene, o trabalho escravo naturalmente ganhará enorme vitalidade. Não é a toa que a China é a fábrica do mundo.

Então quer saber? Conta outra Zara.

sábado, 10 de setembro de 2011

Fábrica - Banda Prole


Banda Prole canta Fábrica no bar Calabouço no Rio de Janeiro.

Fábrica - Legião Urbana

Infelizmente não localizei nenhum video (ao menos no YouTube) do Legião Urbana cantando Fábrica. Então por hora vamos à letra. Se alguém por acaso que vier a passar por aqui descobrir a pérola não deixe de postar o link nos comentários. A casa agradece. :)
Fábrica
Nosso dia vai chegar,
Teremos nossa vez.
Não é pedir demais:
Quero justiça,
Quero trabalhar em paz.
Não é muito o que lhe peço -
Eu quero trabalho honesto
Em vez de escravidão.
Deve haver algum lugar
Onde o mais forte
Não consegue escravizar
Quem não tem chance.
De onde vem a indiferença
Temperada a ferro e fogo?
Quem guarda os portões da fábrica?
O céu já foi azul, mas agora é cinza
O que era verde aqui, já não existe mais.
Quem me dera acreditar
Que não acontece nada de tanto brincar
com fogo.
Que venha o fogo então.
Esse ar deixou minha vista cansada,
Nada demais.

Por que "deve haver algum lugar..."?


Gosto do Legião Urbana. As letras de Renato Russo são via de regra navalhas que cortam bem fundo. "Fábrica" é uma delas. A décima primeira faixa do álbum Dois retrata o trabalho fabril (e por que não dizer, todo e qualquer trabalho?) como ele é: escravidão.

"Deve haver algum lugar..." acaba sendo a expressão de que onde estamos não é o melhor lugar para se estar. Algo tipo uma versão trágica (e realista) do "Não há lugar melhor que nosso lar" de "O Mágico de Oz", sendo que no caso de Dorothy, ela tem a certeza que há um lugar melhor pra se estar e no da "Fábrica" isso não é assim.

Uma das idéias desse blog é passear um pouco por esses lugares nada "acolhedores" onde as pessoas não deveriam estar, sejam eles físicos ou não. Mas é só uma das idéias. A mais forte em minha cabeça ao menos por enquanto. No mais, nada além de registros pessoais de quem está no meu lugar.

Blog?



Blog's viraram lugares comuns na internet.

Não faz muito tempo eram cercados de preconceitos. Não passavam dos "meus queridos diários" online. Coisa para desocupados de classe média. Em 2011 já existe blog pra um tudo, desde os "meus queridos diários" até blog's empresariais e políticos. Praticamente todo grande meio de comunicação mantém o seu.  Blogueiro até profissão já virou (tem gente que consegue ganhar a vida com isso).

Mas como não poderia deixar de ser, a inutilidade floresce com tanta facilidade por essas "terras" que via de regra nos perdemos nessa verdadeira floresta densa chamada blogosfera. E as inutilidades ao passo que de um lado ajudam a aliviar a tensão da loucura do dia a dia, também ajudam a manter as coisas exatamente como são.

E este blog aqui? O que será? Sinceramente? Ainda não sei.