sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Apesar de tudo, obrigado 2015. Dois mil e dezesseis, vamos à luta!


Dois mil e quinze já era. E não vai deixar saudades, não é mesmo? Afinal, foi crise pra lá, crise pra cá, cortes de direitos, demissões e mais demissões. Um roteiro que ninguém quer ver se repetir no novo ano que começa. Por outro lado 2015 ao menos merece ser abordado de um ângulo um pouquinho diferente.

Quem se lembra do final de 2014, com os resultados eleitorais que levaram ao Congresso Nacional sua composição mais reacionária de toda a história e da preparação do gabinete da recém reeleita presidenta, Dilma Roussef, com figuras como Levy e Kátia Abreu sabe que estávamos diante de um round, digo, ano que tínhamos tudo pra levar uma gigantesca surra.

Ainda em dezembro 2014, a reeleita já afirmava que o ano novo seria duríssimo para os brasileiros dos andares de baixo. O termo ajuste fiscal já entrava na agenda de governo com uma proposta para "economizar" 100 bilhões de reais. É sempre bom deixar claro que o tal ajuste fiscal que tanto se falou nada mais é do que cortes, arrocho e precarização do serviço público. E também foi em dezembro de 2014 que Dilma 2.0 não só começou a falar como colocou em vigor medidas para dificultar o acesso ao seguro desemprego, PIS/PASEP, seguro defeso, etc.. Ou seja, a depender do governo, 2014 já tinha deixado claro que íamos sentir saudades.

Mas não foi só do governo federal que a pancadaria já estava anunciada. Com uma bancada BBB supervitaminada e fortalecida no Congresso Nacional, 2015 nos preparava um verdadeiro show de horrores. E não foi pra menos. Ainda em fevereiro, o famigerado Eduardo Cunha foi eleito para presidente da Casa. Em sua agenda estavam a redução da maioridade penal, ilegalizar o pouco de aborto legal, o "bolsa estupro", o dia do orgulho heterossexual, o estatuto da família, estatuto do desarmamento, apoio ao sistema de saúde privado e a terceirização.

Pra completar a confirmação de que estávamos diante de um ano perdido, ainda em março, a direitada tomou as ruas e inaugurou um movimento até então inédito na democracia brasileira: o carnacoxinha. Só na Paulista foram 160 mil pessoas pedindo "Fora Dilma", "Fora PT" e também "Intervenção militar". A termo de comparação, em junho de 2013 a maior manifestação na Paulista colocou 110 mil pessoas na rua. Não tinha como não olhar pra frente e não ver com muito medo o desenrolar do ano.

E esse é o ponto. Mesmo com toda a ofensiva do lado de lá, e tanta desmoralização e desmobilização do lado de cá, eles não nos levaram à lona. E não é que não tentaram. Simplesmente não conseguiram.

Ainda no primeiro semestre não conseguiram impor o maldito PL 4330 nem a redução da maioridade. A Câmara até aprovou mas diante da reação popular o Senado simplesmente não topou levar adiante. E no segundo semestre então nem se fala, além da malfadada ameaça permanente de impeachment que deixaria a vida dos trabalhadores ainda pior mas que não conseguiu se efetivar, Cunha colocou em discussão o PL 5069 que levou às ruas milhares de mulheres no país e pôs em pauta o movimento feminista como há muito não vimos.

E pra deixar o peito cheio de orgulho, 2015 nos presenteou com um movimento em defesa da escola pública na capital paulista de encher os olhos e o coração. Mais de duzentas escolas ocupadas por uma nova geração de lutadores que impôs brilhantemente a derrota do governo tucano. Se fizermos contas superficiais em termos quantitativos, duzentas escolas vezes uma média de cinquenta ocupantes, chegamos a um número de 10.000 novos ativistas só em São Paulo que experimentaram a necessidade de auto-organização e resistência, enfrentando-se com uma das PMs mais truculentas do país e ainda por cima, não se deixando arrastar pelos aparatos derrotistas que se tornaram as entidades estudantis como UNE, UBES e companhia.

Aos que lutam e resistem, o anos de 2015, por mais que tenha sido sofrido, honestamente até que terminou com um gostinho de quero mais. Em especial as primaveras feminista e secundarista do ano que chegou ao fim nos deixaram sementes de esperança para o ano que começa. Que aliás será de luta pois o governo já anunciou que quer reforma da previdência e ajuste (leia-se cortes e arrocho). E se depender do que aprendemos nos enfrentamentos do ano que se foi, 2016 tem tudo pra ser de grandes vitórias.

Então... apesar de tudo, obrigado 2015. Dois mil e dezesseis, vamos à luta!

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