sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Viva Zapata, viva Sandino, viva Zumbi e viva Chico Science.


Quinze anos já se passaram desde a morte do fundador do manguebit (ou mangue beat pra quem assim preferir) e se tem algo que não se pode afirmar é que os "caranguejos com cérebro" dos mangues de Recife foram irrelevantes no cenário da cultura brasileira. Ou melhor, se afirmar até pode, como fez o "jornalista" Marcelo Moreira na edição deste dia 02 do Jornal da Tarde, afinal não é proibido falar asneiras. Aliás asneiras é algo que a grande imprensa sempre costumar dar espaço e gosta muito de divulgar.

No início dos anos 90, pra quem não sabe, vivíamos o auge do neoliberalismo que teve sua expressões não só econômicas, mas também culturais, artísticas e até morais. A "necessidade de lutar" por um mundo melhor havia sido deixada de lado, afinal se a "história havia chegado ao seu final" pra que lutar? Essa ideologia vendida e propagada pela grande mídia teve conseqüências mais do que nefastas para todo o movimento social. O marxismo passou a ser negado e renegado muito mais do que três vezes. Sobre o pretexto de pensar outros caminhos velhos discursos mofados de "negociando a gente se entende" ganharam roupa nova e ajudaram a formar toda uma geração de conformados por um lado e egoístas por outro. E toda rebeldia foi esquecida como se estivesse marcada para ser castigada.

E, como não podia deixar de ser, essa verdadeira ofensiva teve sua repercussão na música de uma forma geral. O rock-protesto dos anos 80 foi substituído por exemplo pelo pop-humorístico dos Mamonas ao ponto dos próprios Titãs, que embalaram a juventude com "Policia", "Desordem" e "Comida", passar a cantar "Pelados em Santos". A primeira metade dos anos noventa foram praticamente um deserto do ponto de vista de qualquer produção que apontasse para a necessidade de contestar. E foi nesse deserto que alguns oásis surgiram. Chico Science e Nação Zumbi foi sim um deles com músicas como "Banditismo por uma questão de classes", "A cidade" e "Da lama ao caos".

Mas Chico Science e Nação Zumbi não foram relevantes somente pela ousadia de suas letras em um mundo dominado pela idéia do comodismo social. Também foram relevantes pela forma como foram capazes de afirmar a cultura tão nordestina do maracatu com outros elementos culturais e fazer brotar da lama um som tão singular e daí em diante tão imitado ou pelo menos perseguido.

Quinze anos já se passaram. Mas a musicalidade e ousadia de Chico ainda persistem. Viva Zapata, viva Sandino, viva Zumbi e viva Chico Science.

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