quarta-feira, 29 de agosto de 2012

50% de cota raciais e sociais nas universidades federais? É pouco!


Foi sancionada nesta quarta-feira, 29 de agosto, a lei de cotas que prevê 50% das vagas de todos os cursos e turnos das universidades federais para estudantes que cursaram todo o ensino médio em escola pública. Destes 50% parte deve ser dedicada a negros e índios e outra parte a alunos com renda familiar igual ou menor a 1,5 salário mínimo per capita. Como não poderia deixar de ser a lei provoca uma gritaria sem tamanho na classe média e até mesmo em parte dos próprios estudantes beneficiados que chegam a afirmar que querem entrar na universidade pelo "próprio mérito" e não como "estudantes de segunda categoria".

Como o próprio título desta postagem indica não só sou a favor da política cotista como acho inclusive tímido o número de 50% de vagas em quatro anos. Antes de mais nada detesto o discurso meritocrata. Por que cargas d'água tenho que ser merecedor de ter acesso ao ensino, seja ele em qual nível for? É porque não existem vagas? E por que raios não existem vagas suficientes? Será pelo fato de que não existe verba para educação? E por que não existe verbas para tanto? Não será porque o governo precisa fazer superávit para pagar juros a banqueiro nacional e internacional? E é pra eu aceitar essa desculpa? Pois bem. Não aceito.

Mas já que é um fato que hoje não há vagas suficientes é preciso sim uma política para distribuir as vagas que existem e nada mais sensato que não se favoreça determinado setor da sociedade nesta distribuição. E exatamente por isso que as cotas são tão importantes. Na medida em que elas não existem são favorecidos aqueles que possuem dinheiro para pagar as melhores escolas, cursinhos e professores. Ou seja, sequer o discurso anti-cotista pode ser entendido como meritocrata. É um discurso elitista, aristocrata, burguês. Vagas para aqueles que tem dinheiro para comprá-las, não diretamente é verdade, mas indiretamente através de uma preparação de maior qualidade. Você acha isso certo? Eu não acho.

Segundo o PNAD, 86% dos estudantes do ensino médio estão na escola pública. Em compensação são os outros 14% os que mais ingressam nas universidades federais e estaduais de todo o país, ficando para a imensa maioria dos outros 86% a opção de cursar faculdades privadas através do financiamento do PROUNI. Ou seja, na prática sempre existiu cota social e também racial. Só que sempre foi uma cota que discriminou os menos favorecidos.

Então, enquanto não houver vagas para todos, o mínimo que se pode aceitar é uma política de cotas que favoreça de fato quem mais precisa.

Aí agora você me pergunta: Mas se 50% é pouco, quanto deveria ser? E eu respondo: 100%! Aí você, horrorizado, me diz: E quem estuda em escola particular, como fica? Respondo: Que passe a estudar na pública ou continue seu ensino superior também na privada. Por fim você afirma: Mas a escola pública não tem qualidade. E eu te digo: Pois está aí uma excelente maneira de enfrentar o verdadeiro problema. É preciso melhorar a escola pública para que todos possam estudar nela em todos os níveis. O que não faz sentido é manter um modelo educacional onde quem pode pagar por ensino de qualidade foge da escola pública na educação infantil, básica e de nível médio para em seguida cursar o ensino superior de melhor qualidade na universidade pública. Isso está completamente errado!

Por iso digo e repito: 50% de cotas sociais e raciais? É pouco!

Um comentário:

  1. Maravilha, quem faz as Universidades Federais serem boas são o alunos, assim as Federais passarão a ser LIXO LIXO, estudei a vida inteira em escola pública tenho renda baixa, mas quem não pode pegar um livro em uma Biblioteca para ler em seu otário?
    Beleza não precisarei estudar em Universidade Federal para ter um bom currículo, fico feliz!!!
    E PROUNI fazer os ricos? PROUNI é somente para quem provar ser classe baixa.

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