Primeiro vamos dar uma examinada nos novos vencimentos dos quatro pisos mais baixos os comparando com os valores de 2011. Fiz uma tabelinha pra tentar enxergar melhor o que meu amigo avaliou de reajuste "não bons" conforme segue:
Se avaliarmos a greve simplesmente do ponto de vista econômico é difícil de fato conseguir enxergar uma vitória mesmo com um índice de reajuste beirando os 10%. Índices as vezes costumam esconder a realidade. Dez por cento de muito pouco é sem dúvida alguma quase nada. Alguém em sã consciência consegue enxergar, não digo nem como justo, mas como digno, um reajuste R$ 61,50 para um servente? Alguém consegue crer que com R$ 639,00 um trabalhador consiga sustentar sua família? É claro que não. Mas agora imagine se a greve não tivesse ocorrido e o índice acertado fosse o de 6,5% proposto pela patronal. Estaríamos falando de um salário de R$ 615,00 que é inferior ao mísero salário mínimo nacional de R$ 622,00.
Mas como disse não se pode enxergar o resultado somente do ponto de vista econômico. O que vimos este ano foi uma quebra de braço duríssima entre classes sociais com interesses diametralmente opostos. Nunca se viu a patronal fortalezense descontar o salário dos grevistas e não se dispor a negociar ou compensar. Nunca se viu os canteiros de obra da capital trancarem suas portas e não reconhecerem o fim da greve decretado pelos trabalhadores. Nem muito menos chegamos a ver pedreiros e serventes se manterem parados mesmo com sua greve tendo sido decretada ilegal e com uma multa diária para seu sindicato de R$ 50.000,00.
O que fica de resultado dessa batalha é um aprendizado político para esses trabalhadores que nenhuma escola ou professor conseguiria fazer um peão entender em 28 dias. Isso não é mensurável em índices ou números e ajuda a preparar novas batalhas. Talvez esse aprendizado tivesse sido ainda maior se por acaso a categoria tivesse outros fóruns além da própria diretoria e das assembléias para se preparar para um enfrentamento como esse exercitando a democracia operária cotidianamente. Mas o fato da vitória econômica não ter sido do tamanho que a categoria precisa ou quem sabe somente um pouco maior não a transforma em derrota. Então voltando ao questionamento do meu amigo: no fim das contas foi ou não vitoriosa? Eu respondo: sim meu camarada, foi uma belíssima vitória.
isso ai, uma belissima vitória!
ResponderExcluirsó um detalhe sobre o texto. este ano, além das assembleias e de reunião da diretoria (que acho teve poucas reuniões), houve a formação de um comando de greve que reunião todo dia, pela tarde, cerca de 30, 40 peões que avaliavam o dia de luta e armavam o próximo. ;)
abç, 'Julinha'.
Oi Julinha,
ExcluirFico muito feliz de você ter deixado um comentário aqui no blog. Muito bom saber que o comando de greve ocorreu com operários da base. Obrigado por complementar.
Na verdade quando falo em fóruns para exercitar a democracia operária no cotidiano quis me referir em exercício para além do próprio periodo grevista. É o trabalho de base organizado dando poder cotidiano a serventes e pedreiros que não estão na diretoria. Sem isso o próprio comando de greve é enfraquecido, percebe? Os trabalhadores precisam ser chamados a pensar e a conduzir não somente na hora do pega pra capar e não somente sobre a campanha salarial. É um exercício permanente de preparação das futuras lideranças da categoria para além da própria diretoria. É a construção do poder operário.
Não é nada fácil. Mas é essencial para qualquer projeto socialista. É preciso tirar a "organização de base" do papel e das boas intenções. Sei que você me entende.
Abraços enormes e muito obrigado por ter visitado o blog e ainda me presenteado com um comentário.