Já se vão vinte dias desde o despertar de nossa primeira onda, o dia 13/06, uma quinta-feira para entrar na história quando uma manifestação contra 20 centavos com cerca 5 mil pessoas foi duramente reprimida pela policia militar de São Paulo. Antes do dia 13 houve sim muitos protestos em São Paulo e, diga-se de passagem, com milhares de pessoas nas ruas, mas as cenas do vandalismo policial, inclusive contra jornalistas, bombardeadas tanto pela grande grande mídia como pelas redes sociais na sexta, no sábado e no domingo fizeram um sentimento nacional de descontentamento com o país estourar em protestos verdadeiramente continentais. Mais de 270 mil pessoas foram às ruas na segunda-feira, dia 17/06, em cerca de 30 cidades do país. No dia seguinte, 18/06, quatro cidades anunciaram redução na tarifa de transporte público e a presidente Dilma Roussef fez seu primeiro pronunciamento sobre as manifestações se dizendo atenta ao clamor das ruas. Na quarta, dia 19/06, foi a vez de São Paulo e Rio de Janeiro recuarem do aumento da tarifa. No dia, 20/06, uma semana após o grande ato de vandalismo policial paulista, cerca de um milhão e quatrocentas mil pessoas ocuparam as ruas em mais de 130 cidades em todo o país. Ali atingimos o ponto alto das manifestações e a partir daí governo federal, câmaras dos deputados, governos municipais, câmaras dos vereadores iniciaram um movimento para acalmar as ruas: a PEC 37 foi amplamente rejeitada no parlamento, Dilma passou a reunir com vários setores da sociedade, corrupção passou a ser crime hediondo, os royalties do petróleo foram encaminhados para as pastas da saúde e educação e até o projeto da "Cura gay" foi arquivado.
Apesar dos avanços e até mesmo por causa deles nunca mais vimos nada parecido com as manifestações do dia 20/06 ou mesmo do dia 17/06. Na quarta, dia 26, foram 83 mil pessoas em 57 cidades, sendo que 50 mil foram somente em BH que recebia a partida Brasil e Uruguai da Copa das Confederações. Na quinta, dia 27, foram 33 mil em 38 cidades. Na sexta, foram 27 mil, em 50 cidades. Isoladamente a maioria das manifestações vem voltando ao patamar anterior ao do dia 13/06, variando em torno de 5 mil pessoas.
Tudo indica que nossa primavera está partindo e o pior de tudo é que nossas mais belas flores, aquelas vermelhas que nascem das fábricas, canteiros e ocupações, simplesmente não desabrocharam. E agora o que fazer? Bem... uma coisa é certa não será simplesmente marcando um dia para que elas desabrochem que se iniciará uma segunda onda, ainda mais gigantesca e violenta que a primeira. Nada disso. Flores precisam ser cultivadas.
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