Aqui prestamos nossa homenagem com o cordel de Jorge Macêdo, poeta e cantador popular dessa região sofrida onde a justiça dos ricos é feita a bala e a luta dos pobres é feita com bravura, suor e sangue.
ZÉ MARIA DO TOMÉ
Um exemplo de luta por seu povo
Terras manchadas de sangue
Injustiças confirmadas
Indignação e luto
Levantes e barricadas
São capítulos do histórico
De vidas prejudicadas
Com tantas desigualdades
Atos torpes e tiranos
O poderio econômico
Contra os valores humanos
Dá pra ver que pouca coisa
Mudou ao longo dos anos
Os defensores do povo
São sempre desprotegidos
Ignorados por muitos
Facilmente perseguidos
Mesmo com todos impasses
Nunca se dão por vencidos
A fúria da violência
Oprime a dignidade
Muitas investigações
Não esclarecem a verdade
Daí os crimes se ocultam
Nas trevas da impunidade
Já são inúmeros casos
Impunes, Infelizmente
Não se conta quantos líderes
Foram mortos cruelmente
Por que defendiam o povo
A terra e o meio ambiente
Na chapada do Apodi
Numa ação premeditada
Zé Maria do Tomé
Foi morto numa emboscada
Crime horrendo que deixou
A região abalada
Complementando o relato
Do assunto em que prossigo
Tenho uma lista de exemplos
Confira agora comigo
Por que quem defende o povo
Vive em constante perigo
Lembra Antônio Conselheiro?
Religioso que quis
Ver os pobres sertanejos
Numa vida mais feliz
Deu-se o maior genocídio
Da história do país
Chico Mendes outro mártir
O maior dos seringueiros
Defendendo a Amazônia
Vida digna aos companheiros
Tornou-se inimigo e morto
Por ordem dos fazendeiros
Alagoa Grande sente
A falta de Margarida
Que tombou assassinada
Em frente a sua guarida
A gana dos usineiros
Veio ceifar sua vida
Padre Jósimo Tavares
Foi mais um dos brasileiros
Que já tombaram na mira
Das armas dos pistoleiros
Porque não era a favor
Da ganância dos grileiros
Irmã Dorothy no Pará
A Santa missionária
Parou a sua missão
Em uma ação sanguinária
Dos que não querem nem deixam
Fazer a reforma agrária
Ainda têm muitos outros
Que eu poderia falar
Mas deixo pra outra vez
Porque eu vou retornar
Ao caso de Zé Maria
Nosso líder popular
Foi José Maria Filho
Um exímio ser humano
Nascido a quatro de outubro
De sessenta e cinco o ano
Na pequena Quixeré
No Vale Jaguaribano
O povoado serrano
Berço natural de Zé
Pertence a dois municípios
O distrito de Tomé
Uma parte é Limoeiro
E a outra é Quixeré
Casou com dona Lucinda
Mulher de um espírito forte
Mas na tragédia sentiu
A dor de um profundo corte
Ainda hoje lamenta
Sua sina e sua morte
Zé era pai de família
Duas moças e um menino
Márcia que é a mais velha
Soluçou em desatino
Juliane, adolescente
E Gabriel bem pequenino
Com apenas cinco anos
Na orfandade se cria
O pequeno Gabriel
O xodó de Zé Maria
Ainda chora e pergunta
Pelo seu pai todo dia
Veio de família humilde
Neto e filho de operário
Ainda jovem tomou
O mais nobre itinerário
Pois além de agricultor
Foi líder comunitário
Zé passou a ser a voz
Dos conterrâneos sofridos
Nos movimentos de base
Nos protestos reunidos
Combatendo as injustiças
No grito dos excluídos
Enfrentando sacrifício
Rompendo dificuldade
Zé queria o bem comum
Para coletividade
Das setecentas famílias
Da sua comunidade
Era também presidente
De uma associação
Naquela comunidade
Estava sempre em ação
Reivindicando melhoras
Para toda a região
Lutava sempre a favor
Dos sem-terra desgarrados
Trabalhadores rurais
Pobres desapropriados
São pessoas que não têm
Seus direitos respeitados
Pedia escola, saúde
Assistência e moradia
E das casinhas de taipa
O nosso líder queria
A substituição
Por casas de alvenaria
Era o guardião do povo
Do Tomé e região
Os problemas se agravaram
Depois da irrigação
Mas Zé Maria lutava
Em busca de solução
Passou a denunciar
O uso indiscriminado
De diversos agrotóxicos
Num projeto mal falado
Que estava deixando em muito
O povo prejudicado
Pois as substâncias químicas
Sendo assim não fazem bem
Porque envenena o solo
E o sub-solo também
Se continuar assim
Não vai escapar ninguém
Pulverização aérea
Este é o grande mal
Pois o alvo não é só
Os insetos do local
Por que se espalha no vento
E atinge o povo em geral
Zé Maria combatia
O uso de inseticida
A vida a cima do lucro
É a norma preferida
Mas as empresas preferem
O lucro acima da vida
Houve um projeto de lei
Contra a pulverização
Mas quem detém o poder
Domina até sem razão
Da lei que estava aprovada
Fizeram a revogação
A lei era de autoria
Do edil Eraldo Holanda
Mas num confronto de força
A maioria comanda
Atendendo aos interesses
Da outra parte que manda
Assim a população
Continua condenada
A se banhar com veneno
Que despejam na chapada
Em vez de água potável
Beber água envenenada
Em estudos levantados
Pela Universidade
Federal do Ceará
Dizem ter em quantidade
Substância venenosa
Nociva à comunidade
Depois de várias pesquisas
No campo e nas residências
A médica Raquel Rigotto
Constatou as evidências
Da água contaminada
E as graves consequências
Então está comprovado
Zé Maria estava certo
Protestava porque era
Mais audaz e mais esperto
E sentia as ameaças
Desse perigo de perto
Foi mais uma das bandeiras
Que Zé Maria empunhou
Austero, mas coerente
O tempo todo lutou
Lhe custou a própria vida
Mas seu exemplo ficou
Era vinte e um de abril
Do ano dois mil e dez
Aparece o seu carrasco
Com o pior dos papéis
Eliminar sua vida
Com as formas mais cruéis
Duas e meia da tarde
Horário em que Zé Maria
Voltava de Limoeiro
Na moto que possuía
Agonizou baleado
Na margem da rodovia
Sofreu vinte e cinco tiros
O defensor da chapada
Foi erguido um monumento
Na beira daquela estrada
Um marco memorativo
No local da emboscada
O luto cobre a família
Seus amigos e parentes
A morte de Zé Maria
Provocou lágrimas pungentes
Coincidiu com a data
Da morte de Tiradentes
Foi mais um assassinato
Extremamente brutal
Que repercutiu até
Na mídia internacional
Além do amplo destaque
Em toda imprensa local
Até hoje ninguém disse
De onde foi que partiu
Esse desfecho macabro
Que o nosso herói sucumbiu
Impera a lei do silêncio
Ninguém sabe, ninguém viu
Aos quarenta e quatro anos
Quase que precocemente
Zé Maria deu a vida
Pela vida de uma gente
Que só exige o direito
De viver condignamente
Vamos usar o bom senso
Pra ver se o mal se afasta
Vamos dar fim esta guerra
Que há tanto tempo se arrasta
De perseguição já chega
De violência já basta
Ambientalista nato
Amigo da ecologia
Seus ideais estão vivos
Descanse em paz Zé Maria
Não vamos arrefecer
Os seus sonhos hão de ser
Realizados um dia
Um exemplo de luta por seu povo
Terras manchadas de sangue
Injustiças confirmadas
Indignação e luto
Levantes e barricadas
São capítulos do histórico
De vidas prejudicadas
Com tantas desigualdades
Atos torpes e tiranos
O poderio econômico
Contra os valores humanos
Dá pra ver que pouca coisa
Mudou ao longo dos anos
Os defensores do povo
São sempre desprotegidos
Ignorados por muitos
Facilmente perseguidos
Mesmo com todos impasses
Nunca se dão por vencidos
A fúria da violência
Oprime a dignidade
Muitas investigações
Não esclarecem a verdade
Daí os crimes se ocultam
Nas trevas da impunidade
Já são inúmeros casos
Impunes, Infelizmente
Não se conta quantos líderes
Foram mortos cruelmente
Por que defendiam o povo
A terra e o meio ambiente
Na chapada do Apodi
Numa ação premeditada
Zé Maria do Tomé
Foi morto numa emboscada
Crime horrendo que deixou
A região abalada
Complementando o relato
Do assunto em que prossigo
Tenho uma lista de exemplos
Confira agora comigo
Por que quem defende o povo
Vive em constante perigo
Lembra Antônio Conselheiro?
Religioso que quis
Ver os pobres sertanejos
Numa vida mais feliz
Deu-se o maior genocídio
Da história do país
Chico Mendes outro mártir
O maior dos seringueiros
Defendendo a Amazônia
Vida digna aos companheiros
Tornou-se inimigo e morto
Por ordem dos fazendeiros
Alagoa Grande sente
A falta de Margarida
Que tombou assassinada
Em frente a sua guarida
A gana dos usineiros
Veio ceifar sua vida
Padre Jósimo Tavares
Foi mais um dos brasileiros
Que já tombaram na mira
Das armas dos pistoleiros
Porque não era a favor
Da ganância dos grileiros
Irmã Dorothy no Pará
A Santa missionária
Parou a sua missão
Em uma ação sanguinária
Dos que não querem nem deixam
Fazer a reforma agrária
Ainda têm muitos outros
Que eu poderia falar
Mas deixo pra outra vez
Porque eu vou retornar
Ao caso de Zé Maria
Nosso líder popular
Foi José Maria Filho
Um exímio ser humano
Nascido a quatro de outubro
De sessenta e cinco o ano
Na pequena Quixeré
No Vale Jaguaribano
O povoado serrano
Berço natural de Zé
Pertence a dois municípios
O distrito de Tomé
Uma parte é Limoeiro
E a outra é Quixeré
Casou com dona Lucinda
Mulher de um espírito forte
Mas na tragédia sentiu
A dor de um profundo corte
Ainda hoje lamenta
Sua sina e sua morte
Zé era pai de família
Duas moças e um menino
Márcia que é a mais velha
Soluçou em desatino
Juliane, adolescente
E Gabriel bem pequenino
Com apenas cinco anos
Na orfandade se cria
O pequeno Gabriel
O xodó de Zé Maria
Ainda chora e pergunta
Pelo seu pai todo dia
Veio de família humilde
Neto e filho de operário
Ainda jovem tomou
O mais nobre itinerário
Pois além de agricultor
Foi líder comunitário
Zé passou a ser a voz
Dos conterrâneos sofridos
Nos movimentos de base
Nos protestos reunidos
Combatendo as injustiças
No grito dos excluídos
Enfrentando sacrifício
Rompendo dificuldade
Zé queria o bem comum
Para coletividade
Das setecentas famílias
Da sua comunidade
Era também presidente
De uma associação
Naquela comunidade
Estava sempre em ação
Reivindicando melhoras
Para toda a região
Lutava sempre a favor
Dos sem-terra desgarrados
Trabalhadores rurais
Pobres desapropriados
São pessoas que não têm
Seus direitos respeitados
Pedia escola, saúde
Assistência e moradia
E das casinhas de taipa
O nosso líder queria
A substituição
Por casas de alvenaria
Era o guardião do povo
Do Tomé e região
Os problemas se agravaram
Depois da irrigação
Mas Zé Maria lutava
Em busca de solução
Passou a denunciar
O uso indiscriminado
De diversos agrotóxicos
Num projeto mal falado
Que estava deixando em muito
O povo prejudicado
Pois as substâncias químicas
Sendo assim não fazem bem
Porque envenena o solo
E o sub-solo também
Se continuar assim
Não vai escapar ninguém
Pulverização aérea
Este é o grande mal
Pois o alvo não é só
Os insetos do local
Por que se espalha no vento
E atinge o povo em geral
Zé Maria combatia
O uso de inseticida
A vida a cima do lucro
É a norma preferida
Mas as empresas preferem
O lucro acima da vida
Houve um projeto de lei
Contra a pulverização
Mas quem detém o poder
Domina até sem razão
Da lei que estava aprovada
Fizeram a revogação
A lei era de autoria
Do edil Eraldo Holanda
Mas num confronto de força
A maioria comanda
Atendendo aos interesses
Da outra parte que manda
Assim a população
Continua condenada
A se banhar com veneno
Que despejam na chapada
Em vez de água potável
Beber água envenenada
Em estudos levantados
Pela Universidade
Federal do Ceará
Dizem ter em quantidade
Substância venenosa
Nociva à comunidade
Depois de várias pesquisas
No campo e nas residências
A médica Raquel Rigotto
Constatou as evidências
Da água contaminada
E as graves consequências
Então está comprovado
Zé Maria estava certo
Protestava porque era
Mais audaz e mais esperto
E sentia as ameaças
Desse perigo de perto
Foi mais uma das bandeiras
Que Zé Maria empunhou
Austero, mas coerente
O tempo todo lutou
Lhe custou a própria vida
Mas seu exemplo ficou
Era vinte e um de abril
Do ano dois mil e dez
Aparece o seu carrasco
Com o pior dos papéis
Eliminar sua vida
Com as formas mais cruéis
Duas e meia da tarde
Horário em que Zé Maria
Voltava de Limoeiro
Na moto que possuía
Agonizou baleado
Na margem da rodovia
Sofreu vinte e cinco tiros
O defensor da chapada
Foi erguido um monumento
Na beira daquela estrada
Um marco memorativo
No local da emboscada
O luto cobre a família
Seus amigos e parentes
A morte de Zé Maria
Provocou lágrimas pungentes
Coincidiu com a data
Da morte de Tiradentes
Foi mais um assassinato
Extremamente brutal
Que repercutiu até
Na mídia internacional
Além do amplo destaque
Em toda imprensa local
Até hoje ninguém disse
De onde foi que partiu
Esse desfecho macabro
Que o nosso herói sucumbiu
Impera a lei do silêncio
Ninguém sabe, ninguém viu
Aos quarenta e quatro anos
Quase que precocemente
Zé Maria deu a vida
Pela vida de uma gente
Que só exige o direito
De viver condignamente
Vamos usar o bom senso
Pra ver se o mal se afasta
Vamos dar fim esta guerra
Que há tanto tempo se arrasta
De perseguição já chega
De violência já basta
Ambientalista nato
Amigo da ecologia
Seus ideais estão vivos
Descanse em paz Zé Maria
Não vamos arrefecer
Os seus sonhos hão de ser
Realizados um dia
muito bom!
ResponderExcluirOlá Maria. Obrigado por deixar o comentário. Abraços e volte sempre.
Excluirparabéns, belo artigo
ResponderExcluirOlá Igor. Obrigado por deixar o comentário. Abraços e volte sempre.
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