Arte de Guilherme Lepca |
O texto chama a atenção para o quanto o macho médio estadunidense tem dedicado boa parte do seu tempo ao consumo da pornografia produzida por grandes empresas profissionais de mídia. São em média 300 horas por ano dedicadas a se deixar consumir pela imensa máquina pornográfica que movimenta uma verdadeira fortuna e ao mesmo tempo alimenta um monstro social que se auto-isola ao invés de buscar relações afetivas reais ainda que cheia de frustrações e decepções. O texto chega a comparar os consumidores como "vítimas de um sonho de Pygmalion", o artista mitológico grego que esculpia imagens de mulheres e por elas se apaixonava. A comparação é um pouco descabida na medida em que as vítimas da pornografia não se relacionam com o fruto de sua própria produção mas com as fantasias produzidas pela grande indústria pornográfica.
O ponto de vista do coletivo de escritores ativistas é interessante mas merece uma reflexão menos superficial. Qual a diferença entre o prazer enlatado via tela de TV ou computador e o prazer nas páginas de revistas masculinas ou via brinquedos sexuais? Por que o prazer obtido via pornografia causaria mais espanto do que o obtido via prostituição? Ou estaria o pagar pelo sexo entre as "relações humanas autênticas"? No fim das contas o que de fato é autêntico e o que não é entre tantas relações humanas, sejam elas "poliamor" ou monogâmicas, em especial em uma sociedade que prima e estimula a corrida pela satisfação pessoal a qualquer custo? Será autêntica a sede por satisfazer vontades, desejos e taras, sejam com objetos, sejam com outras pessoas, ou isso também não é fruto de um verdadeiro mecanismo de escravidão moderna?
Mas no fim das contas devo concordar com as conclusões dos autores: "Os capitalistas querem controlar todos os aspectos da vida do trabalhador, seu entretenimento, suas visões, suas aspirações e sua sexualidade também"... "querem controlar todos os aspectos da nossa existência, porque eles entendem que, se abrirmos nossos olhos, em qualquer sentido real, então, seus dias estarão contados."
Excelente post, adorei a conclusão!
ResponderExcluirNão aguento mais o liberalismo que tomou conta das opiniões feministas nas últimas décadas!
Não entendo como que militantes feministas podem achar aceitável que sexo seja mais alguma coisa para vender ao capital. Se já não basta vender o próprio trabalho, as mulheres são obrigadas a vender o corpo também nesse terrível sistema.
Que bom que gostou e melhor ainda que deixou aqui o registro.
ResponderExcluirOs que aceitam como "aceitável" a venda do corpo simplesmente aceitam como natural que o capitalismo transforme tudo, absolutamente tudo, em mercadoria.
Esse é um tema muito bom que com certeza merece outros post.
Abraços