domingo, 29 de janeiro de 2012

"Mas nós vamos vencer..." #Pinheirinho


Francisco Nobre é cearense. Como muitos outros cearenses e nordestinos desse imenso Brasil, assim que pôde, partiu de sua terrinha pra tentar "vencer" na vida na "cidade grande".

Em 1989 chegou em São Paulo onde começou a trabalhar como padeiro com o irmão de sua esposa.

Em 2004, passou a trabalhar de noite e de dia pra tentar juntar dinheiro e comprar o maquinário pra montar sua própria padaria. Com o décimo-terceiro conseguiu comprar um forninho, depois uma modeladora, uma batedora de massa, um balcão-freezer e assim em diante. As irmãs diziam que ele deixasse de trabalhar tanto pois não tinha jeito dele conseguir montar seu negócio, era tudo muito caro e ele não ganhava pra tanto. Mas Francisco não desistia.

Difícil era o aluguel. Não tinha dinheiro que desse. Até que conheceu o Pinheirinho. "Eu achei o lugar muito bonito, muito plano, eu vou ficar é aqui mesmo" conta seu Nobre ao se lembrar do dia em que chegou na ocupação.

Com R$ 120,00 que tinha guardado fez um acordo com um depósito e levantou um cômodo pra alojar o maquinário e finalmente começar seu pequeno negócio. Levou pão, bolo e leite de caixinha porque não precisava de geladeira. Com uns 20 dias estava vendendo bem, foi ao depósito e fez novo acordo pra construir mais um cômodo, um banheiro, onde passou a dormir durante a noite no "maior imprensado". "Mas nós vamos vencer" pensava seu Nobre. E de tanta batalha conseguiu uma vida um pouco melhor pra ele próprio, pra esposa, pras filhas e pros dois netos.

Até que na manhã do domingo, 22 de janeiro de 2012, tudo foi despedaçado. Triturado numa máquina de moer gente como se mói carne como infelizmente a dona Francisca Nobre afirmava que não poderia acontecer. "Nós somos seres humanos" disse ela um dia antes. Sim... nós somos humanos... somos gente... mas e os monstros que destruíram tudo isso? O que afinal eles são?

* A história de seu Francisco e sua família está contada no video "Onde estão os Nobres?" do Coletivo Comunicadores Populares gravado na tarde do dia 21 de janeiro de 2012. O Pinheirinho ainda estava de pé, assim como os sonhos e as vidas de muitas outras famílias de trabalhadores e trabalhadoras. 

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