domingo, 15 de julho de 2012

Quando os trabalhadores perderem a paciência (#poema de Mauro Iasi)


Há algum tempo procurei uma imagem para ilustrar o poema do professor Mauro Iasi e nada do que me deparei me deixou satisfeito. Já esta semana ao ver as imagens da marcha mineira à Madrid passei a procurar um poema para dar palavras ao turbilhão de operários que tomou a capital espanhola, até que finalmente me dei conta do quão bem se completam aquela imagem e esse poema:
Quando os trabalhadores perderem a paciência 
As pessoas comerão três vezes ao dia
E passearão de mãos dadas ao entardecer
A vida será livre e não a concorrência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

Certas pessoas perderão seus cargos e empregos
O trabalho deixará de ser um meio de vida
As pessoas poderão fazer coisas de maior pertinência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

O mundo não terá fronteiras
Nem estados, nem militares para proteger estados
Nem estados para proteger militares prepotências
Quando os trabalhadores perderem a paciência

A pele será carícia e o corpo delícia
E os namorados farão amor não mercantil
Enquanto é a fome que vai virar indecência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

Quando os trabalhadores perderem a paciência
Não terá governo nem direito sem justiça
Nem juizes, nem doutores em sapiência
Nem padres, nem excelências

Uma fruta será fruta, sem valor e sem troca
Sem que o humano se oculte na aparência
A necessidade e o desejo serão o termo de equivalência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

Quando os trabalhadores perderem a paciência
Depois de dez anos sem uso, por pura obscelescência
A filósofa-faxineira passando pelo palácio dirá:
“declaro vaga a presidência”!

2 comentários:

  1. Poesia maravilhosa, deixa a gente arrepiada,
    precisamos nos lembrar e pensar na força que temos.
    obrigada Giambista por partilhar uma perola de
    poesia, uma perola...


    Rosângela

    Obs:Adoro as poesias do Mauro

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    Respostas
    1. Oi Rosangela,

      Sim, a poesia de Mauro Iasi é forte e tocante. Decididamente tenho de reservar mais espaço a ela aqui (aceito sugestões). Obrigado por visitar o blog e ainda mais deixar seu comentário.

      Abraços

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